Estado do Norte havia deixado o do Sudeste para trás em exportações desde 2018. Agora, produziu mais com cômputo total no primeiro bimestre deste ano. Fator Brumadinho derrubou MG.
O Pará alcançou um feito inédito que até era esperado, mas não para este início de ano: ultrapassou Minas Gerais na produção total de recursos minerais. O Blog do Zé Dudu levantou neste sábado (23), com exclusividade, a produção mineral por estado indicada pela Agência Nacional de Mineração (ANM) para os primeiros dois meses deste ano e descobriu que o estado do Norte está cerca de R$ 60 milhões à frente do estado do Sudeste.
A expectativa do mercado era de que o Pará só conseguiria ultrapassar Minas Gerais em movimentação financeira em 2020, quando a expansão programada do projeto S11D, em Canaã dos Carajás, chegasse próxima a sua capacidade nominal de produção física de minério de ferro. No entanto, o rompimento da barragem de rejeitos da Mina do Feijão, no município de Brumadinho (MG), trouxe desequilíbrio na produção mineral por parte da multinacional Vale, no Sudeste, como efeito cascata. Diversas operações da empresa entram na mina da justiça e no olho do furacão da tragédia envolvendo a mineradora e, por isso, tiveram atividades paralisadas, implicando freio à produção em Minas Gerais.
Enquanto isso, aqui no Pará, a produção da Vale cai no município de Parauapebas, mas avança exponencialmente em Canaã dos Carajás, compensando eventuais perdas. No mês passado, a produção mineral de Canaã (que é composta por minérios de ferro e cobre) superou, pela primeira vez na história, a de Parauapebas (cujo portfólio abarca ferro, cobre e níquel). Desde setembro de 2003, Parauapebas ocupava o topo da mineração nacional, sem rival à altura.
Não obstante, o Pará também surra Minas Gerais na balança comercial. Desde 2018, Minas já não é o maior exportador de commodities minerais porque o Pará é quem exporta mais, tanto em volume quanto em valor financeiro. Por outro lado, o Pará ainda não havia experimentado o gostinho de superar Minas em produção total — quase toda a produção mineral paraense é exportada, enquanto considerável parte da produção mineira abastece o mercado doméstico.
Movimentação financeira
Nos primeiros 60 dias deste ano, o Pará produziu R$ 8,8 bilhões em recursos minerais, enquanto Minas vem na cola, com R$ 8,74 bilhões, de acordo com números levantados pelo Blog junto à Diretoria de Procedimentos Arrecadatórios (Dipar) da ANM. Goiás completa o time dos — até o momento — bilionários da mineração nacional, com R$ 1,13 bilhão arregimentados do solo.
Aqui no Pará, a Vale sozinha produziu R$ 7,54 bilhões em commodities, o equivalente a 85% de toda a produção mineral do estado. Lá em Minas, a multinacional produziu, até agora, R$ 2,94 bilhões. Tudo o que a mineradora já movimentou este ano no estado do Sudeste é inferior à produção dela mesma no município de Parauapebas (R$ 4,1 bilhões) e quase a mesma coisa do município de Canaã dos Carajás (R$ 2,3 bilhões).
Os paraenses Parauapebas e Canaã, aliás, são o 1º e o 2º maiores produtores de recursos minerais do Brasil, respectivamente. Eles surram com folga os 3º e 4º colocados, Congonhas (R$ 1,21 bilhão) e Itabira (R$ 994 milhões), ambos mineiros. O 5º maior produtor nacional é Marabá (R$ 990 milhões).
No primeiro bimestre deste ano, o Brasil movimentou R$ 22,3 bilhões em sua poderosa indústria extrativa mineral dispersa por 2.237 municípios. Confira os multimilionários da mineração do país!