A edição de ISTO É que
chega aos leitores neste sábado acusa o deputado federal Henrique
Eduardo Alves de comandar um grupo de parlamentares que pressiona a
presidenta Dilma por cargos e verbas públicas e paralisa votações no
Congresso.
Segue parte da reportagem da ISTO É : Izabelle Torres e Claudio Dantas Serqueira
Os
sobressaltos políticos vividos pelo governo no Congresso nas últimas
semanas têm vários responsáveis. E seria uma tarefa hercúlea ousar
apontá-los com precisão cirúrgica e sem cometer injustiças. Mas poucos
políticos personificam tão bem a crise na relação do governo com a base
aliada como o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN). O
deputado é a cara de uma prática política, baseada no fisiologismo, que a
sociedade não tolera mais.
Representa
um grupo de parlamentares que insiste em transformar em moeda de troca
projetos decisivos para o País. E, para terem seus interesses
atendidos, esses políticos lançam mão da chantagem. Isso não seria uma
ameaça às boas maneiras republicanas se Alves não tivesse poder. Mas o
problema é que ele tem. Muito. E demonstrou isso durante a última
semana, quando interferiu diretamente no adiamento das votações no
Congresso.
Na
quarta-feira 21, atuando como porta-voz de uma ala empenhada em
pressionar por cargos e verbas públicas, como condição para manter a
fidelidade ao governo Dilma Rousseff, Alves ajudou a orquestrar a
obstrução da sessão plenária que votaria a Lei Geral da Copa e discursou
afirmando, com cara de anjo, que sua atitude era um “bem que faria ao
governo pelo risco de derrota iminente”.
O
discurso de Alves agradou aos deputados da base aliada e funcionou
como palavra de ordem da semana marcada por derrotas do governo no
Parlamento. A maioria delas trazia as digitais do líder do PMDB na
Câmara, que só tem olhos para sua candidatura à presidência da Casa no
próximo ano. Entre os projetos de interesse do governo e seu
sonho de poder, prevalece a preocupação em conquistar apoio dos colegas
para suceder Marco Maia no comando da Câmara. “Acho que essas atitudes
do líder refletem a pressão que ele sofre da nossa bancada. Não é
pouco ter mais de 50 deputados insatisfeitos. Esses parlamentares o
levam a reagir contra o governo e ele tem de agir como quer a maioria”,
avalia Aníbal Gomes (PMDB-CE). Na verdade, Alves, em seus 40 anos de
vida parlamentar, habituou-se como poucos a fazer o jogo fisiológico.
O
líder do PMDB se diz pressionado pelas bases, mas, na prática, é dele
que partem as maiores pressões contra o Planalto. Mas Alves não age
sozinho. Ao seu lado, atua com grande desenvoltura Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), um político com tentáculos em cargos de segundo escalão e
disposto a declarar guerra para garantir seu latifúndio.
Mas
as digitais do peemedebista já foram muito bem identificadas pelo
Palácio do Planalto. “Por isso, escalamos Arlindo Chinaglia para
assumir a liderança do governo na Câmara. Para lidar com Alves e sua
turma, só outro trator como Chinaglia”, confidenciou um senador aliado.
Assim como o líder do PMDB, outros parlamentares, adotando
semelhante modus operandi, tentaram colocar a faca no pescoço do governo
nos últimos dias.
O
objetivo é o mesmo: conseguir cargos e verbas no ano eleitoral, quando
precisam agradar às suas bases políticas. Como a presidenta Dilma
resolveu não ceder, o resultado foi a suspensão da pauta de votações.
“Os partidos que apoiaram a eleição da presidenta Dilma têm
legitimidade para querer ocupar espaço no governo, para poder estar à
frente das decisões”, disse o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS),
considerando normal a onda de chantagem instaurada no Congresso.

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