Francisco Carneiro foi exonerado ontem do
cargo de superintendente do órgão em Santarém, no Pará, que tem sido
alvo de denúncias de corrupção
O presidente do Instituto Nacional de Colonização e
Reforma Agrária (Incra), Celso Lacerda, exonerou ontem o superintendente
regional do órgão em Santarém (PA), Francisco dos Santos Carneiro. A
resolução, publicada no Diário Oficial, não explica a razão do
afastamento do executivo, indicado pelo PMDB. Segundo assessores da
instituição, a decisão está ligada a denúncias de corrupção.
Carneiro ficou no cargo apenas sete meses. Sua
demissão contraria frontalmente o grupo político do senador Jader
Barbalho (PMDB), que controla a superintendência de Santarém. Após uma
longa disputa por cargos de segundo escalão no Pará, onde operam três
superintendências do Incra, o PT ficou com poderes sobre as regionais de
Belém e Marabá, cabendo ao PMDB as cadeiras de Santarém – que cobre
todo o oeste do Estado.
A superintendência, que será temporariamente dirigida
pelo servidor Hugo Lima, tem sido alvo de constantes denúncias de
irregularidades. A que derrubou Carneiro envolve desvio de verbas para
instalação de trabalhadores nos assentamentos.
Para cada assentado, o Incra destina recursos
iniciais de R$ 15 mil, usados sobretudo na construção de moradias. A
liberação do dinheiro é feita pelos bancos para as empresas prestadoras
de serviços, mediante a apresentação de notas fiscais avalizadas pelo
superintendente regional.
Em Santarém, segundo as denúncias, os bancos estariam
pagando por serviços não prestados. O presidente solicitou ao
superintendente a instalação de um processo para a apuração das
irregularidades. Isso teria dado início a uma crise interna, na qual não
deixaram de ser brandidos os nomes dos padrinhos políticos de Carneiro.
O desfecho foi a exoneração dele e de seus dois assessores mais
diretos.
Procurado pelo Estado, o ex-superintendente disse,
por meio de sua secretária, que divulgaria um documento sobre o assunto.
Até o fechamento da edição, porém, não havia se manifestado.
Para os funcionários do Incra, as sucessivas
denúncias envolvendo superintendentes devem-se às indicações de caráter
político. “Com essa ocupação política dos cargos públicos, quem perde
são os assentados, os servidores, os cidadãos e o Incra”, disse ontem
Reginaldo Aguiar, diretor da Confederação de Associações de Servidores
do Incra.
No início deste mês, o Greenpeace havia denunciado a
exploração irregular de madeira em assentamentos da reforma agrária na
região de Santarém.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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